quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A CRISE DA IGREJA E OS NOVOS DEUSES




A crise da igreja atual é real e muito séria. Não que nunca tenha acontecido isso. Desde os dias dos apóstolos a igreja passou por várias crises a ponto de Jesus querer até vomitar algumas. Basta lermos sobre as igrejas do Apocalipse (1-3). Jesus não falou que a iniqüidade iria se multiplicar e o amor se esfriaria (Mt 24.12)?

No entanto, isso se deve ao abandono das Escrituras pela Igreja, do estudo exegético e sistemático dos pastores, de estudos doutrinários na igreja e da baixa qualidade da pregação aos domingos. A tendência é exatamente a igreja se tornar como a igreja medieval – uma igreja envolvida com muito paganismo e idolatria.

Quando se abandona as Escrituras, leões são encenados como unção, são adorados como sendo Cristo, arcas são levadas em procissões nas igrejas, peregrinações a Porto Seguro para ungir o Brasil são feitas. As doutrinas mais centrais e explícitas das Escrituras são questionadas como a doutrina da Trindade, da soberania de Deus com a Teologia Relacional de Ricardo Gondim, da Cristologia e outras coisas mais.

O que impressiona é que a maioria dessas distorções vem de igrejas renovadas ou neo-pentecostais. O grande motivo é que os neo-pentecostais, com raríssima exceção, à semelhança dos católicos que têm a tradição da igreja como autoridade ao lado da Bíblia, usam profecias, visões, apóstolos e similares ao lado das Escrituras também. Não é raro ouvir de pessoas dessas igrejas: “mas tudo não precisa estar na Bíblia”. Realmente tudo não precisa estar na Bíblia, mas tudo precisa basear-se nela quando se trata de conduta, prática e fé. Na verdade, esses apóstolos, patriarcas e profetas da prosperidade precisam minar a autoridade suprema das Escrituras e trazer sobre eles mesmos o peso das suas próprias palavras como sendo a Palavra de Deus. Por isso, eles quando falam alguma coisa, sempre afirmam: “eu profetizo”. Essas palavras demonstram o seguinte para esses: "não questione, creia e pratique, faça o que eu estou dizendo, mesmo que a Bíblia diga o contrário".

O mais interessante é que a maioria dessas profecias sempre é em relação a dinheiro e prosperidade, nunca à santificação. Foi isso que Terra Nova profetizou aos jovens: “Deus iria levantar 12 milionários por Estado que iriam sustentar o Brasil”; Morris Cerullo, Michael Murdock junto com Silas Malafaia profetizam que aqueles que derem R$ 900,00, R$ 1000,00, agora é R$ 610,00 vão ser abençoados. Todos eles se basearam que eles eram profetas e que estavam profetizando, sendo, por isso, o cumprimento certo.

O mais grave é que eles usam de uma forma grotesca a interpretação do texto de 2Cr 20.20 que afirma:

Crede no SENHOR, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis.

Eles não levam em conta o contexto que Josafá estava falando do profeta Jaaziel, filho de Zacarias (2Cr 20.14-16). Claro que os profetas que Josafá estava citando era os profetas inspirados do Senhor que para nós hoje é a Palavra de Deus, pois não existem mais profetas inspirados. Outro erro é colocar essa palavra prosperidade para finanças, pois Josafá estava falando era sobre a vitória que iriam ter contra os amonitas e os moabitas. O texto não estava falando de prosperidade financeira.

O contexto também explica porque Josafá falou isso. O motivo é porque Josafá foi testemunha dos falsos profetas para os quais Deus enviou um espírito de engano que profetizassem mentira (2Cr 18.18-24). É muito irônico que os profetas da prosperidade usem essa passagem, pois a transgressão deles e a baixa hermenêutica demonstram que são cheios de espírito de engano.

Por outro lado, a igreja tem abandonado a importância da Reforma Protestante como um marco para a fé cristã, pois, diante da igreja que estava atolada no paganismo, idolatria, avareza e promiscuidade, os reformadores proclamaram a justificação somente pela fé, Cristo como centro do culto e a supremacia das Escrituras, trazendo a igreja ao cristianismo apostólico. Hoje, como alguns setores da igreja estão semelhantes à igreja medieval e aderiram ao ecumenismo, rejeitaram a Reforma protestante do século XVI. Todas essas igrejas deixaram princípios claros das Escrituras e enveredaram-se para a teologia liberal ou para uma teologia insólita ecumênica.

O mais grave é que em algumas igrejas estão adorando e celebrando abertamente a homens. É óbvio que jamais vão admitir isso, como nenhum católico admite também que é um idólatra.

Alguns líderes, em busca de reconhecimento diante dos “pobres-mortais-pastores-das-igrejas”, buscaram um título maior: apóstolo. Antes, tinha-se, o máximo, de bispo; mas era ainda pouco para aqueles que eram lideres de alguns grupos ou de alguma denominação. Por isso, deram o título de apóstolo a vários pastores de várias denominações em vários lugares do Brasil (veja sobre apóstolo nos dias atuais em meu outro post).

Porém, Terra Nova estava no mesmo patamar dos demais apóstolos. Por isso, foi-lhe dado o titulo de “Paipóstolo”. Isso porque os seus membros diziam que ele era mais que um apostolo. Ele teria que ser considerado um pai, quebrando claramente o que Jesus ensinou em Mt 23.9. Não satisfeito com isso, Terra Nova foi declarado “Patriarca” à semelhança de Abraão com homenagens por alguns apóstolos e lideres de algumas igrejas. Assim conta o site eucreio.com:

Após a entrada dos estandartes que representam as 12 tribos, das bandeiras dos 27 Estados brasileiros, e dos representantes internacionais, foi exibido um vídeo mostrando as marcas do patriarcado na vida dos apóstolos do MIR, culminando no ato profético do manto sacerdotal, em cor púrpura, sobre a vida do casal de apóstolos, Renê e Ana Marita Terra Nova.O apóstolo Fabio Abud, de São Paulo, foi o primeiro a falar, declarando que reconhecia o manto de Patriarca sobre a vida do apóstolo Renê e agradecia pelo pai espiritual que tem a Visão Celular no Brasil.


Precisamos, antes, deixar claro que a honra aos líderes é bíblica; porém, precisamos entender que existem limites para tais honras. Quando a honra toma o centro do culto, essa já passou para a idolatria, ou seja, quando a pessoa é mais evidenciada que o próprio Jesus que deve ser o centro de todo culto, isso é idolatria clara. Depois, notamos que todos os aspectos levam a pensarmos isso. Por exemplo: o manto de púrpura que Terra Nova estava vestido demonstra uma superioridade espiritual acima dos demais. As roupas demonstram tanto isso que Jesus é descrito com Vestes talares e diferentes, mostrando superioridade. Os próprios fariseus vestiam-se assim porque se sentiam superiores (Is 6.1; Ap 1; Mt 23.5). Portanto, é uma característica clara de idolatria.

Diferente de Paulo que, apesar de ser apóstolo verdadeiro de Cristo, ele procurava ser discreto e humilde reconhecendo ser o principal dos pecadores e mostrando que estava em último lugar no mundo:






1 Coríntios 4:9-11  Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa,






1 Timóteo 1:15  Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.


Na verdade, esses apóstolos e patriarcas são deuses para essas pessoas. O culto, a visão que tanto falam e que têm como obsessão estão sempre em torno dessas personalidades. 

Sei que estou correndo risco de críticas e revoltas porque estou falando de deuses, mas não tenho nada a perder nesse mundo se tenho Cristo.

Portanto, foi muito sábia a decisão de algumas denominações em não acatar o título de apóstolo e patriarcas. Demonstram serem mais sérias e mais conhecedoras das Escrituras.

Termino aconselhando os pastores e denominações a terem cuidado com esses grupos que aderem à títulos de apóstolos e patriarcas. Existem exceções, mas, geralmente sempre levarão a estranhas práticas e à adoração dos próprios homens e nunca para a cruz. Os pastores devem acompanhar de perto e sempre recomendando suas ovelhas a igrejas de denominações sérias, que têm pastores que sejam somente pastores e nada mais.