terça-feira, 5 de setembro de 2006

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM Pr. RICARDO GONDIM?

Falar a respeito de um colega de ministério não é tarefa fácil, principalmente no que diz respeito a doutrinas erradas. O Pr. Ricardo Gondim tem tido um ministério reconhecido no Brasil pela sua eloqüência e pelo seu equilíbrio teológico. Pastor da Igreja Assembléia de Deus Betesda, muito tem contribuído para a obra do Evangelho. Ele tem sido Articulista de várias revistas teológicas e evangélicas, onde recebeu admiração pela sua sabedoria, fluência nos seus pensamentos e coerência teológica. Há algum tempo, esse renomado Pastor começou a ensinar e a escrever algumas coisas questionáveis e estranhas, trazendo admiração a muitos estudiosos, editores e escritores, levando-nos a perguntar o que está acontecendo com o Pr. Ricardo Gondim?

O Pr. Gondim pela influência que tem na comunidade evangélica tem trazido algumas reflexões nada ortodoxas. Ele tem sido refutado por vários pastores e mestres a ponto de Luis Sayão afirmar que seu “posicionamento era bem liberal” e ainda afirmou sobre seus escritos que “o blog confirmava o posicionamento bem liberal do pastor da Betesda, o qual, segundo ele, havia rompido com a teologia evangélica histórica já faz tempo” http://www.mail-archive.com/debate_biblico@yahoogrupos.com.br/msg15382.html. Realmente algumas declarações do amado pastor causam preocupação. Principalmente porque muitos leigos e incautos o lêem e o consideram como uma autoridade, tendo um poder de persuasão muito grande. Mesmo assim, muitos textos do Pr. Gondim têm sido divulgados em jornais, revistas e periódicos, trazendo algumas declarações que ferem algumas doutrinas, bem com muitas contradições. O objetivo desse texto é trazer algumas de suas declarações e analisar os perigos à fé cristã, bem como analisar de uma forma crítica o texto que escreveu por tema: “Salvemos a próxima geração”.

O Pr. Ricardo Gondim tem defendido a chamada Teologia Relacional que afirma que Deus não é soberano; desconhece o futuro, sendo vulnerável e mutável. Ele foi muito bem refutado pelo Pr. Eros Pasquini numa chamada carta aberta http://www.monergismo.com. Também o site da Ultimato e da IPB do Brasil manifestaram trazendo um texto de um dos estudiosos mais respeitados do NT, que é o Dr. Augustus Nicodemus, explicando e analisando os perigos desta teologia à fé cristã http://www.ultimato.com.br. Portanto, não quero entrar muito em detalhes, já que as refutações e explicações desses amados estudiosos foram eficazes e convincentes mostrando que esse conceito do Pr. Gondim sobre Deus não está coerente com o ensino coeso das Escrituras Sagradas. Depois dessas polêmicas, o Pr. Gondim tem minimizado a necessidade de um cuidado doutrinário e criticando alguns por se deterem no que ele chama de “questiúnculas teológicas”. Gostaria de deter-me em um texto intitulado “Salvemos a próxima geração”, escrito no site da Editora Ultimato e colocado em vários outros periódicos e jornais.

O objetivo do texto de Gondim é aconselhar os reitores e professores sobre a perspectiva acadêmica e teológica dos seminários. O pastor Gondim foi eficaz no seu exórdio, mas logo depois ele escolheu ir por caminhos perigosos. Ele começa a “aconselhar aos docentes que formam novos ministros” dizendo que eles deveriam aprender mais poesias e romances para que possam captar a “imensidão humana” e que deveriam colocar nos seus currículos poesia para que aprendessem a “enaltecer a verdade com graça”. Afirmou que deveriam fazer estágio em hospitais e instituições sociais para entenderem sobre a cura divina e que antes de um missionário ir a um país de primeiro mundo deveria ter uma experiência num país pobre ou em comunidades carentes. Essas declarações parecem verdadeiras, cultas e contextuais, mas há um sutil engano em algumas, embora que outras sejam viáveis e coerentes. Não obstante que as poesias e os romances sejam úteis para dar uma visão do mundo, somente através da revelação das Escrituras que se pode ter uma visão correta da “imensidão humana”. Somente na Bíblia que se sabe que o homem tem uma natureza pecaminosa e que foi criado à imagem e semelhança de um Deus pessoal e soberano. Os romances servem para que se entenda a cultura, mas somente se pode discernir a interioridade humana das histórias dos romances se houver conhecimento das Escrituras. A base de toda antropologia está na Bíblia, caso contrário haverá apenas especulações e teorias ideológicas. Portanto, se alguém quer entender o homem, os seus dilemas e traumas, não se deve começar pelos romances, mas pela Bíblia. Nos seminários já tem muita literatura e pouca Bíblia. Hoje, nos seminários, por incrível que pareça, a Bíblia é apenas um livro a mais, mesmo porque, a sua autoridade, inerrância e infalibilidade são questionadas. Os livros de filosofia e de teólogos liberais e neo-ortodoxos são lidos e ensinados mais que as Escrituras. Não se está dizendo que não se leia, nem que não se tenham essas literaturas, mas a Bíblia deve ser vista como realmente ela mesma se autodenomina, a Palavra de Deus inerrante, infalível e inspirada. O apóstolo Paulo conhecedor da filosofia, cultura em geral e do judaísmo, fez questão de enfatizar o valor das Escrituras. Ele disse a Timóteo que as Escrituras podem torná-lo sábio e que ela é útil para o ensino, a fim de que o homem de Deus seja perfeitamente habilitado para toda boa obra (2 Tm 3.15-17). Paulo fez questão de aconselhar Timóteo a ir às Escrituras. Ele já tinha escrito aos Coríntios que a sua linguagem não foi ostentativa, mas preferiu ensinar sobre Jesus Cristo crucificado (1 Co 2.1,2). Quando Paulo afirma “Jesus Cristo e este crucificado”, fala das Escrituras, do Evangelho de Jesus Cristo, dito pelos apóstolos, pois Paulo fala o verbo grego oida / saber mostrando que era o ensino sobre Cristo que era essencial à Igreja.
Portanto, o que os seminários precisam é maior estudo das Escrituras, uma teologia que incendeie a alma e um profundo desejo de conhecer o Deus da Bíblia. Pode-se ter literatura, crítica literária, mas isso não resolve a indiferença humana; não responde os problemas existenciais e antropológicos nos seminários; não leva ao conhecimento da interioridade humana; mas é a volta às Escrituras Sagradas que todas essas respostas aparecem e um poderoso avivamento virá. A literatura trará uma visão maior da cultura, um conhecimento melhor, desde que, sejam conhecidas as respostas para esses dilemas que estão na Bíblia. Até porque existem romance, poesia e prosa na Bíblia também. Então, o que os seminaristas precisam é estudar muito bem a Bíblia e saber exegese e hermenêutica para exatamente discernir as heresias que estão no meio da Igreja, sendo obreiro aprovado e que maneje bem a Palavra da Verdade (2 Tm 2.15).

Uma segunda declaração perigosa é que o Pr. Gondim disse: “O Cristianismo não precisa advogar tanto a ortodoxia. O mundo não se interessa tanto pela defesa de verdades, quaisquer que sejam elas”. É muito estranho ler isso de um pastor que sempre em seus escritos critica as igrejas Neo-pentecostais dizendo que não pregam o Cristianismo bíblico e que essas igrejas mercadejam a Palavra de Deus como deixou bem claro isso num texto de desabafo. Com base nessas palavras, o Pr. Gondim está em total incoerência em criticar, falar e desabafar quaisquer que sejam os desvios doutrinários. Ou o Pastor Gondim não se acha cristão, ou os seus escritos de críticas (diga-se que concordo com elas) não tem sentido. A Bíblia sempre exortou advogar a ortodoxia. No VT os falsos profetas teriam que ser punidos duramente (Dt 18.20-22). No NT Jesus advertiu os apóstolos dos falsos profetas e da doutrina dos fariseus (Mt 7.15; 24.11). Paulo fez questão de chamar os presbíteros e adverti-los sobre os lobos que entrariam e que eles tivessem cuidado (At 20.28-32); aos Gálatas ele diz que aqueles que ensinassem outro evangelho seriam anátema e criticou severamente Pedro pela incoerência (Gl 1.8,9; 2.11-14). É digno de nota que Paulo estava escrevendo uma carta doutrinária e de defesa do Evangelho. Paulo ainda admite que foi posto para defesa deste Evangelho (Fp 1.16). Ele exorta a Timóteo que tenha cuidado da doutrina e que pregue a Palavra e que admoeste a não ensinarem outra doutrina (1 Tm 1.3; 4.16; 2 Tm 2. 17,18; 4.1-5). Como o Pr. Ricardo Gondim pode afirmar que o Cristianismo não precisa advogar tanto a ortodoxia? Jesus ensinou que a nossa prática está intrinsecamente relacionada ao nosso conhecimento da Escritura. Jesus disse aos fariseus: “Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22.29). Como pode haver coerência entre discurso e vida se não através de uma doutrina sadia? Como criticar igrejas que mercadejam a Palavra de Deus se não admitir um conhecimento errado e que se precisa ensinar corretamente as Escrituras e advogar a ortodoxia?

Portanto, “salvemos a próxima geração” desse pensamento do amado pastor Ricardo Gondim, pois não tem coerência bíblica. Como pastor e colega espero que tenha esclarecido mais que criticado, pois sei que o coração do homem é enganoso, mas a Escritura tem a primazia e como todo texto do pastor ele termina com solo Deo gloria, então fico mais gratificado e tranqüilo sobre esse texto. Que Deus tenha misericórdia de nós.