terça-feira, 22 de agosto de 2006

O LOUVOR E NOSSA RELAÇÃO PARA COM DEUS




Sabe-se que a Igreja tem progredido muito na área do louvor. Pode-se dizer até que Deus tem restaurado o ministério de louvor de sua Igreja; porém, existem algumas preocupações normais àqueles que buscam, na Bíblia, base para sua adoração e tem intimidade com o Deus digno de todo louvor. Nestes últimos anos, alguns ministérios têm enfatizado, na adoração e no louvor, a Igreja como Noiva. Claro que isso é perfeitamente bíblico. As Escrituras são claras em mostrar que o povo de Deus e a Igreja de Cristo são uma noiva e Jesus Cristo, o Mestre e Salvador, o seu Noivo Amado. Porém, há alguns questionamentos a serem colocados diante de algumas letras de músicas. Por exemplo: Será que podemos nos relacionar, numa adoração pessoal, como se Jesus fosse meu noivo? Será que posso usar palavras de intimidade de uma mulher numa relação pessoal para com Deus? Será que a palavra “apaixonar-se por Jesus” é uma expressão correta? 

A razão desse questionamento é porque essa linguagem é completamente desprovida de base da linguagem dos Salmos (que é o paradigma principal de louvor e adoração) e dos ensinamentos dos Apóstolos em geral como um relacionamento pessoal. Vemos os salmistas adorando a Deus como Senhor (Sl 1.6; 5.8), Rei (Sl 2.6; 5.2) e Pai (Sl 27.10; 45.10; 68.5; 89.26; 103.13); porém, jamais numa linguagem de marido e mulher como um relacionamento individual. Existe apenas o Salmo 19.5 que fala que o Sol sai como noivo de seus aposentos, mas não tem nada a ver com relacionamento de adoração. No caso do Salmo 45, apesar de ser chamado de cântico de amor e de demonstrar o Messias como um noivo, mas a noiva e a rainha são o seu povo, Israel. Isso é demonstrado pela singularidade de uma só noiva e pela demonstração que “a Filha de Tiro” daria donativos, querendo dizer do povo de Tiro como a expressão que profeta falou em Is 47. O Salmo não diz respeito a uma pessoa em si. Isso é respaldado pelas palavras de Paulo em Ef 5.29-32. É muito estranho que os salmistas omitissem essa linguagem no relacionamento pessoal cantada atualmente pelos ministros atuais de louvor. É muito estranho que os salmistas adorassem a Deus somente como Pai, Senhor e Rei e esquecessem um aspecto da adoração que somente agora no século XXI é descoberto. Isso é muito estranho e difícil de engolir.

Muitos têm dito que o livro de Cantares de Salomão é uma prova dessa linguagem, mas trazer essa alegoria de Cantares para uma relação pessoal com Deus é exagero, pois o livro de Cantares traz princípios de casamento, de relação sexual e não de adoração. Pode-se até pegar por analogia algumas passagens para relacionar com Cristo e a sua Noiva, a Igreja; mas numa relação pessoal, fica a desejar. Como alguém poderá dizer a Jesus “beija-me com os beijos de tua boca, porque melhor é o teu amor do que o vinho” (Ct 1.2)? 

É bem verdade que a Bíblia mostra esse simbolismo de Noiva para a Igreja ou o povo de Deus; mas o que se nota é que jamais foi usado ou ensinado para uma relação pessoal com Deus. Todas as vezes que a Bíblia fala de Noiva mostra o todo do povo, nunca a individualidade (Is 49.18,19; 61.9-11; 62.4-6). Todos esses textos falam do povo de Deus no sentido geral. É verdade também que numa generalização pode-se pensar num particular, mas isso tem que ser comprovado por outras passagens; mas no caso de Noiva, não é isso que acontece. Paulo falando aos Efésios 5.22-33 ele faz uma relação entre Jesus como Noivo e o casamento relacionando isso com a analogia do corpo. Paulo faz questão de colocar juntamente com o simbolismo da Noiva e Noivo mostrando que ele é Salvador do Corpo (Ef 5.23; 28; 29) porque o simbolismo de Noiva tem que ser visto como o simbolismo de Corpo. Uma pessoa sozinha não pode ser o Corpo de Cristo. Paulo diz que nós sozinhos somos membros do Corpo (Ef 5.30). Se alguém diz que sozinho ele é o Corpo de Cristo é um absurdo, porque Jesus somente tem um corpo e não vários, como fala Paulo aos Coríntios (1 Co 12.12; 20), mas se alguém diz que é um membro desse corpo, está correto, porque o corpo é formado do todo. Por isso que Paulo, no verso 32, afirma que se refere a Cristo e à Igreja. Paulo enfatiza isso para mostrar que não se pode dizer que alguém sozinho é a Noiva de Cristo, porque Cristo só tem uma Noiva, não várias. Somos parte do corpo dessa Noiva e não, sozinhos, ser a noiva de Cristo. Por isso que em Apocalipse 21.2,3 fala da noiva ataviada relacionado-a com a Nova Jerusalém, pois o povo de Deus é simbolizado como a Nova Jerusalém como diz o autor aos Hebreus 12.22,23. Portanto, Relacionar-se como mulher ou noiva é, pelo menos, estranho ao modelo de adoração bíblica que Deus colocou na sua Palavra.

As relações pessoais mudam de acordo com as relações com as pessoas. Por exemplo: a relação para com a esposa é diferente da relação com os filhos, amigos e pais. Os gregos chegavam a usar quatro verbos para expressar isso, sendo que apenas dois vêm na Bíblia: agapaö, fileö. Os outros não aparecem, embora que um só seja raiz de um outro verbo (storgeö). Mas qual a forma que Deus escolheu para uma relação pessoal com ele? A Bíblia dá o modelo de Pai, numa relação pessoal de filho para um Pai amoroso. Começa-se por Jesus: Ele ensina a seus discípulos a orarem chamando Deus de PAI, não de Noivo (Mt 6.9-13); mas alguém pode dizer: isso é na oração. Os judeus não diferenciavam a adoração da oração (como também não se pode fazer isso) por isso que eles oravam três vezes ao dia. Quando Jesus falava sobre intimidade com o Deus eterno, ele conta a parábola do filho pródigo, onde o Pai acolhe seu Filho e traz à sua intimidade. Algumas pessoas, por falta de conhecimento, dizem que na parábola das dez virgens é uma prova que podemos nos relacionar diante de Deus como Noivas. Não se precisa refutar muito isso, porque é parábola das dez virgens e não das dez noivas. As virgens eram damas de honra que auxiliavam a Noiva no casamento e esperavam o Noivo com lâmpadas acesas. O apóstolo Paulo, por duas vezes, afirma que o Espírito testifica com o nosso Espírito que somos Filhos de Deus, clamando Aba, Pai (Rm 8.14-16; Gl 4.6,7). Essa expressão é de pura intimidade; como se fosse papai. Paulo ensina que o Espírito de Deus testifica que somos filhos e não noivas. Ora, se o Espírito de Deus testifica com o nosso Espírito que somos Filhos de Deus e somos convidados a chamar Deus de Aba, Pai. Como vou me relacionar com palavras de relacionamento de mulher para homem? No livro de Hebreus, a Bíblia fala que o Pai disciplina o filho que ama (Hb 12.5-11). Ora, essa linguagem é de Pai, pois na relação pessoal, Deus se revela como Pai (Hb 12.7). Nesse verso está claro que Deus nos trata pessoalmente como FILHOS, não como esposa. Portanto, é estranho um tratamento de intimidade homem e mulher ao texto Bíblico. Existem músicas que parecem uma demonstração de carícias e não uma adoração majestosa ao Filho de Deus. Isso parece espiritual, mas de uma certa forma distorce a relação correta para com Deus tirando a sua majestade e soberania na intimidade. Quando nos relacionamos com Deus como Pai e filho, apesar da intimidade, não esquecemos que ele é o Pai nosso que está nos céus, que ama e disciplina, que ele faz tudo para o nosso bem sem que nós entendamos.

Quanto à linguagem “estou apaixonado por Jesus”. Tem-se que admitir que se quer falar de uma vida voltada para Deus em profunda devoção e santidade; porém, essa palavra está equivocada, porque pode conotar várias coisas. Primeiro, nós precisamos atentar que a palavra paixão ela é completamente extinta para a relação com Deus. Não há uma só base bíblica para, pelo menos, torcer sobre isso. Paixão na Bíblia, escrita pelas palavras gregas epithumia – concupiscência; pathos – paixão, sofrimento, todas elas são relacionadas à carne e ao pecado. Porém, tanto o VT como o NT ordena-nos a AMAR – agapaö (Dt 6.4; Mc 12.29). A Bíblia diz para nós amarmos o Senhor, não apaixonar-se. A paixão é sentimental, passageira, carnal, mutável; o amor é permanente, prático e divino porque Deus é Amor. Jesus autentica esse mandamento dizendo da mesma forma: amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Aqui está o homem completo que, em todos os âmbitos, deve amar ao Senhor. Para a paixão, precisa-se sentir algo, pois é sentimental. Isso jamais poderia ser usado para adoração a Deus. Não se pode adorar a Deus somente quando se sente alguma coisa; mas se deve adorá-lo em todas as situações. Deve-se buscá-lo mesmo quando não se sente vontade nenhuma de fazer isso. Por isso que tem o mandamento de buscar o Senhor (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Jr 29.13; Sf 2.3). Portanto, pode-se entender essa linguagem, pois pela influência errada de ministros de louvor, a igreja passa a usar; mas embora que se entenda, é melhor evitar o que se pode interpretar erroneamente e usar a linguagem que possa expressar o real sentido para uma adoração perfeita e agradável a Deus.

Há aqueles que defendem baseado na carta de Jesus no Apocalipse à Igreja de Éfeso (Ef 2.1-7), mas, os que advogam isso, desconhecem alguns fatores exegéticos e hermenêuticos importantes. A expressão usada nas traduções, às vezes, despista o sentido, pois a expressão grega usada com o adjetivo prötön é atributiva, mostrando ênfase na qualificação do adjetivo principal, porque o adjetivo prötön quer dizer primeiro, principal, essencial. Conforme o contexto, deixa claro que diz respeito a principal, mesmo porque nos tempos de João não se relacionava amor à paixão. Isso é um erro grave. Essa relação veio com Camões na idade Média. O substantivo agapë no texto grego, inclui prática. O amor de Deus tem que ser prático, por isso que no verso cinco Jesus exorta a Igreja a voltar às principais obras, que seria o amor. Paulo, escrevendo à própria igreja de Éfeso diz que eles deveriam andar em amor (Ef 5.2-5). Nos versos seguintes, Paulo exorta a igreja a não andar em práticas contrárias à prática do amor.

A expressão ten agapën sou ten prötën seria melhor traduzida se fosse: deixastes o teu amor, aquilo que é principal. Notem que o adjetivo atributivo vem depois do substantivo com o artigo, mostrando uma aposição. Portanto, fica mais fiel não ver esse amor como Camões via – paixão, como se Jesus dissesse que deixaram a primeira paixão por ele. Não. Isso não procede. Jesus estava exortando que eles não estavam vivendo o amor prático, que é algo principal. Eles tinham uma ortodoxia exemplar, mas não acompanhada de prática que é outro extremo.

É digno de nota que quando Jesus chegou a Pedro para falar ao seu coração ele não perguntou: Pedro tu és apaixonado por mim? Pedro, tu casarias comigo (mesmo no bom sentido e simbolicamente)? Não. Jesus perguntou: Pedro, tu me amas? Jesus usou os dois verbos gregos no NT agapaö e fileö, mas não usou palavra nenhuma de relação de mulher para um homem ou coisa parecida (Jo 21.15-17).

Tem-se que admitir que não se está questionando a unção de pessoas que professam essa esdrúxula forma de adoração, mas as palavras a um Deus Pai, Filho e Espírito Santo que nos ensinou a chamá-lo de Pai, adorá-lo como Rei e inclinar-nos diante dele como Senhor, mas nunca como um namorado, noivo. A Noiva de Jesus é impessoal, não pessoal; é uma metáfora, não literal, assim como a Igreja é impessoal, mas é formada de pessoas.

O objetivo desse pequeno ensaio é trazer uma oportunidade a um debate mais amplo e levar a Igreja unir a sua ortopraxia à sua ortodoxia. Unir a sua prática com os princípios eternos de Deus, não distorcendo o que as Escrituras dizem, pois Deus busca verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade, ou seja, dentro da verdade de Deus (Jo 4.24).

A FÉ NA TEORIA DA EVOLUÇÃO

Há uma grande controvérsia entre ciência e religião, entre fé e razão; porém, poucas pessoas notam que a ciência tem se apropriado de características que somente na religião existe, que somente alguém que tenha fé pode aceitar. Os dados têm sido substituídos por suposições e pressupostos dedutivos. A Ciência não pode ser dedutiva, mas precisa ser indutiva como todo experimento e experiência séria. Os pressupostos dedutivos podem alterar em muito os resultados, ficando uma ciência segundo os modelos e deduções humanas. O objetivo desse ensaio é analisar algumas dificuldades da Teoria da Evolução (TE) e questionar como um pensador.

PODE UMA TEORIA SER CIÊNCIA?

Há uma grande polêmica na semântica da palavra “teoria”. A polêmica é exatamente porque se essa palavra diz o que realmente quer dizer, a TE não passa de hipóteses que podem ser verdadeiras ou não. Essa palavra originalmente vem do grego theoria que quer dizer observação, espetáculo, visão. Essa palavra era usada pelos gregos para enviar uma embaixada sagrada aos espetáculos para observar e examinar. Na Filosofia Grega, ela tinha um caráter totalmente especulativo (Dicionário Huaiss). Os evolucionistas tentam dar outro conceito à palavra para saírem dessa “sinuca” a começar pela palavra. Eles dividem entre teoria popular e teoria científica; porém, mesmo em seus conceitos e escritos, eles demonstram nas entrelinhas o que o dicionário Aurélio quer dizer: “Suposição, hipótese”. Segundo a Enciclopédia Livre Wikepédia, que pode ser alterada por qualquer pessoa, “Teoria Científica é o nome dado ao sistema organizado de idéias e conceitos que explicam um conjunto de fenômenos e que pode ser testado por meios de experiências reprodutíveis”. A pessoa que escreveu o conceito de teoria entra em uma contradição, trazendo algumas objeções a esse conceito. Se o autor disse que é um conjunto de idéias, conceitos que EXPLICAM um conjunto de fenômenos, por que precisaria de teste? Em inglês, o conceito é mais sensato que em português: “In science, a theory is a proposed description, explanation, or model of the manner of interaction of a set of natural phenomena, capable of predicting future occurrences or observations of the same kind, and capable of being tested through experiment or otherwise falsified through empirical observation”. http://en.wikipedia.org/wiki/Theory. É digno de nota que o conceito de teoria em inglês acrescenta que pode ser considerado falso também pela observação empírica, aproximando mais do conceito de hipótese, suposição, já que pode ser considerado falso, caso haja um motivo empírico para isso. Outra dificuldade a esse conceito em português é que todos aqueles que começaram as suas teorias, partiram de simplesmente INTUIÇÃO, não havia provas, apenas uma hipótese, uma teoria. O Antropólogo, paleontólogo e evolucionista Richard E. Leakey comentando na introdução do livro de Charles Darwin, A Origem das Espécies, dentro do tema “Os problemas de Darwin” diz:

“Sabendo-se que a Biologia evolutiva não faz uso de PROVAS, nas quais a Química e a Fisiologia se baseiam, é ainda, até certo ponto considerada como uma ciência DEDUTIVA , e a leitura de A Origem das Espécies nos impressiona com o imenso trabalho realizado por Darwin, ao reunir os fatos e as observações que explicam a SUA TEORIA” (DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. São Paulo. Editora: Martin Claret, 1996. pág 16. Ênfase Minha).

Por isso, não raro se pode ver nesse comentário palavras que geralmente seriam difíceis de existir na Ciência. O Dr. Leakey, ainda em seu comentário diz: “Darwin justificava sua teoria EM SUA CRENÇA de algumas características ou hábitos adquiridos durante a vida dos pais que poderiam afetar os filhos” (LEAKEY, 1996, pág. 21). Daí, pode-se entender o que Thomas Henry Huxley, um dos grandes defensores das idéias de Darwin disse:

“...a criação, no sentido ordinário da palavra, é perfeitamente concebível. Não encontro qualquer dificuldade em conceber que, em algum período inicial, o universo não existia e surgiu em seis dias (ou instantaneamente, se isto for preferível), em conseqüência da vontade de algum ser pré-existente. Então, como agora, os pretensos argumentos a priori contra o teísmo e, dada uma divindade, contra a possibilidade de atos criativos, pareceram-me sempre destituídos de fundamento racional” (Está registrado no livro Life and Letters of Thomas Henry Huxley, p. 409 do vol. II, editado em 1903 pelo seu neto, o biólogo Julian Huxley).

Facilmente se pode notar que teoria não é ciência, mas especulação, exceto para alguém obstinado que prefere mudar o significado da palavra a enfrentar as dificuldades que ela tem. Einstein tinha em mente, além de sua teoria da Relatividade, o que a revista National Geografhic nomeou de “Teoria de Tudo” (Maio 2005). Para Eisntein, deveria haver um campo unificado que unisse todas as forças desde as de grandes escalas, como a gravidade, até as de pequena escala do interior do átomo; porém, o próprio Einstein admitiu que não conseguiu. A revista chega a dizer que os “físicos continuam a buscar”. Deixa claro que teoria pode ser verificável ou não, pode ser verdadeira ou não.
No livro A Origem das Espécies, introduzido pelo Paleontólogo Richard E. Leakey, há comentários impressionantes acerca da Teoria de Darwin. Ele diz: “... em outros pontos vemos hoje que Darwin CONFUNDIU os processos genéticos com os fisiológicos”. Em outra passagem ele afirma: “Darwin estava ENGANADO ao expor o que denominou de ‘herança combinada’ e muitos críticos acentuaram que a herança combinada apresentava problemas para o conceito da mudança evolutiva” (DARWIN, 1996, pág. 22,24). Poder-se-ia chamar isso de Ciência? Ciência é algo exato, incontestável, provado, com fatos, pois contra os quais não há argumentos; mas parece o contrário, como não têm fatos, vêm os argumentos, e muito fortes. A revista Veja de edição 1760 de 17 de Julho de 2002 traz um artigo por título “O homem de 7 milhões de anos: Descoberta de fóssil na África Central revoluciona as teorias sobre a árvore genealógica da espécie humana”. O artigo simplesmente desmente uma TEORIA que tinham dado como verdadeira. A revista afirma: “Estimava-se que a separação entre as espécies dos ancestrais humanos e os que deram origem aos macacos modernos tivesse se dado quase 7 milhões de anos antes. As características de Toumai indicam que isso deve ter ocorrido pelo menos 1 milhão de anos antes.” Que absurdo, como alguém que seja inteligente pode crer nas teorias de um evolucionista depois desta? Antes estimavam que a separação dos ancestrais era a 7 milhões de anos antes (note que foi uma estimativa de datas), agora, depois de acharem um fóssil, dizem que é de 1 milhão de anos. Isso é Ciência? Nunca foi. Os testes geológicos podem ser, a Paleontologia pode ser, a Arqueologia pode ser, a Geologia, mas a Teoria da Evolução é uma mera teoria e muito instável. Como se não bastasse, o artigo da revista Veja ainda diz:

Como se não fosse suficiente mexer com a escala de tempo e sacudir a árvore genealógica da humanidade, Toumai também embaralha as teorias dos paleoantropólogos sobre as razões pelas quais o homem começou a andar sobre duas pernas. Como a maioria das espécies anteriores foi encontrada em regiões de savana, imaginou-se que a falta de árvores para subir e a grama alta fizeram com que o homem se erguesse em suas pernas. Mesmo sem provas definitivas de que seja bípede, Toumai joga areia nessa tese, já que seu habitat misturava florestas, rios e pântanos. (Veja 1760 de 17/07/2002).

Para alguém inteligente e perspicaz, pelo menos deve aceitar uma dificuldade aqui: se as teorias são mudadas de acordo com algumas descobertas, a lógica clama a se entender que outras poderão ser mudadas também, sendo falsas ou todas também podem ser falsas. Note que a revista afirma EMBARALHA AS TEORIAS. Que Ciência é essa que alguém pode chegar com uma descoberta de um fóssil e jogar por terra toda uma outra teoria? Isso demonstra que o velho Aurélio está correto em conceituar teoria como hipótese e suposição.
O Dr. E. H. Andrews, Ph. D., D. Sc., professor de Materiais na Universidade de Londres, reitor da Faculdade de Engenharia no Queen Mary College. Ele é autoridade internacional em ciência macromolecular e publicado acima de 80 tratados científicos e livros. No seu livro From Nothing to Nature, traduzido para o português com o título No Princípio..., ele afirma categoricamente: “A teoria da Evolução não é científica”. O Dr. Andrews ainda afirma em seu livro

“A teoria pode ser testada através de experiências que fornecem uma resposta
“Sim” ou “Não conclusiva se ela é correta ou errônea... assim a idéia da
evolução, que todas as coisas vivas apareceram por acaso de uma forma acidental
de vida, não demonstra um bom desempenho nos testes que os cientistas usualmente
estabelecem para verificar a validade de uma dada teoria” (ANDREWS, E. H. No
Princípio... São José dos Campos: Fiel, 1991).

O PROBLEMA DA DATAÇÃO DOS FÓSSEIS

Muitos evolucionistas se apressam em dizer datas imediatas: 100 milhões, 10 milhões de anos. Isso para leigos é aceito como verdade e científico, embora que as técnicas sejam, porém, as datas são também meras especulações. O Dr. Andrews, uma autoridade nessa área, afirma peremptoriamente: “Não há método de datar radioativo que não requeira hipóteses sobre o que havia no início”. O método mais moderno é através do decaimento de átomos radioativos. O Dr. Andrews afirma que para analisar uma rocha que tenham substâncias radioativas precisa-se ter certeza que não perdeu nenhum dos átomos radioativos desde que a rocha se formou. Isto quer dizer que nenhum deve ter se perdido pela ação da água ou por evaporação da própria substância. Isto dificulta muito a experiência já que os átomos de urânio e potássio-40 dissolvem-se facilmente na água. Esta é uma das razões que AS ROCHAS SEDIMENTARES NÃO PODEM SER DATADAS PELO RELÓGIO RADIOATIVO, havendo pouquíssimos casos que se data, mas totalmente sem credibilidade. Sendo que os fósseis somente podem ser achados em rochas sedimentares, os geólogos medem a idade através de “intrusões ígneas”. Conforme o Dr Andrews, os geólogos medem as rochas ígneas para ter UMA SUPOSIÇÃO das rochas sedimentares. Ele afirma:


Estas idades são estimadas em bilhões de anos. Podemos confiar nesses números? A
resposta é NÃO. Devo explicar que as medidas são realizadas muito cuidadosamente
por pessoas muito habilidosas. Esta tarefa deve ser feita com extremo cuidado,
empregando poderosos instrumentos científicos... podemos confiar nas medidas que
são realizadas. O problema ocorre quando tentamos determinar a idade da rocha (o
tempo decorrido desde que ela fundiu). Precisamos saber quantos átomos
radioativos estavam presentes em nossa rocha quando ela se solidificou
inicialmente. Mas não temos certeza sobre este dado! Temos que ADVINHAR OU FAZER
HIPÓTESES para a resposta à seguinte questão: O que havia na rocha no começo?
(ANDREWS, 1991, pág. 74)

Segundo o Dr. Andrews, até os demais métodos que determinam o chamado “isócrono” ainda suposições precisam ser feitas como supor que os diferentes minerais da mesma rocha possuem a mesma proporção de átomos radioativos. Portanto, ele chega a uma conclusão que se afirmou no início que não existe método que date de uma forma indubitável.

ALGUMAS DIFICULDADES CLARAS

A revista Veja de 24 de Maio de 2006 traz um artigo sobre os olhos afirmando o seguinte:



O olho tem uma estrutura tão engenhosa que é usada por correntes religiosas como
argumento contra a teoria da evolução de Charles Darwin. Os adeptos do
criacionismo consideram que um órgão composto por várias partes que funcionam de
forma tão sincronizada só possa ser produto divino. A visão é resultado de um
complexo jogo mecânico em que a córnea e o cristalino desviam os raios luminosos
que chegam ao olho para centralizá-los sobre a retina. Na retaguarda, vários
músculos atuam em conjunto, estimulados por nervos cranianos, para mover os
olhos em todas as direções.


Parece que não somente os criacionistas se sentem incomodados em aceitar que os olhos são produtos da evolução. Darwin também se sentiu. O Dr. Richard E. Leakey afirma em sua introdução:

“Darwin confessou, em 1860, ao naturalista americano Asa Gray que o olho lhe
provocava arrepios, mas quando ele pensava nas ótimas graduações conhecidas, a
razão lhe dizia para dominar o arrepio” (LEAKEY, 1996, pág. 20).
É muito estranho que o autor da Teoria da Evolução tenha arrepios quando pensava no olho humano e a revista Veja lembre a complexidade do olho como respostas aos evolucionistas. Ter como resposta a essa complexidade dos olhos uma simples comparação de anatomia ou bioquímica é ser muito infantil e ingênuo.
Outra dificuldade é colocada pelo bioquímico Dr. Charles McCombs Ph.D. em Química Orgânica, especialmente treinado em métodos de investigação científica, e um cientista com 20 patentes químicas. Ele afirma:

Há outro problema com o DNA e como ele funciona no organismo humano. Como parte
do processo normal de replicação do DNA, uma enzima percorre todo o filamento de
DNA e assim uma cópia deste filamento pode ser produzida. A enzima lê a
seqüência de moléculas ao longo do filamento, e se um nucleotídeo incorreto é
detectado nele, há um mecanismo que utiliza outras enzimas para cortar o
nucleotídeo errado e inserir o correto, reparando assim o DNA.
Vamos dar uma
olhada no DNA e seu mecanismo reparador, se realmente eles foram formados de um
processo natural ao acaso. Se o mecanismo reparador evoluiu primeiro, que
utilidade tal mecanismo possui se o DNA ainda não evoluiu? Se o DNA evoluiu
primeiro, como ele resistiria sem um mecanismo reparador? As moléculas podem
pensar? O DNA não é uma molécula estável, e sem um mecanismo reparador, seria
facilmente deteriorado por oxidações e outros processos. Não há mecanismos para
explicar como o DNA pôde existir por milhões de anos enquanto o mecanismo
reparador evoluía. O DNA simplesmente iria se decompor de volta em uma piscina
de espuma antes de ocorrerem supostas bilhões de mutações casuais que não
poderiam formar um mecanismo reparador. Uma vez que constatamos que o projeto
não aconteceu ao acaso, então percebemos que o universo inteiro não é produto de
um processo casual, aleatório; ele é o resultado de um onipotente Criador que
criou tudo apenas pela Sua Palavra. Espero que você comece a enxergar o
problema. A Evolução pode lhe dar uma teoria que parece evidentemente possível,
mas quando a ciência verdadeira se envolve e os cientistas começam a fazer
perguntas, os problemas e falsa lógica da teoria se tornam claros. É por isso
que a evolução espera que você não saiba química.
(Artigo publicado no boletim Acts & Facts, do Institute for Creation Research, em sua edição de maio de 2004, com o título "Evolution Hopes You Don't Know Chemistry: The Problem with Quirality". Tradução do texto de Daniel Ruy Pereira.)

CONCLUSÃO:

Como conclusão, precisa-se analisar o simplismo e a ingenuidade dos evolucionistas que não provam nada, tendo apenas que ter fé na simples e frágil Teoria da Evolução. Quem a aceita tem uma religião. Tem que acreditar até que um próximo artigo de uma revista científica a desminta.

AS FALÁCIAS DA DOUTRINA BÊNÇÃO E MALDIÇÃO: UMA RESENHA DO LIVRO “BÊNÇÃO E MALDIÇÃO” DE JORGE LINHARES






Criticar uma Doutrina dentro do evangelicalismo não é uma tarefa fácil. Essa dificuldade está no temor de criar-se um clima de competição, mágoas e estar apto a esperar até uma retaliação daqueles que assumiram ou adotaram como verdade determinado ensino. Principalmente quando se trata de um colega renomado, de ministério profícuo e de bom testemunho; porém, Deus sempre será a prioridade e a sua Palavra ainda terá sempre a primazia. A Bíblia dá base para que se possa questionar tudo, analisar com cautela qualquer doutrina estranha que não se coloque dentro do escopo hermenêutico e teológico. Isto quer dizer que toda Doutrina genuinamente bíblica deve estar dentro de princípios de interpretação histórico-gramatical, levando em conta o que o autor realmente tinha a intenção de ter falado, incluindo os contextos imediato, cultural e histórico, como também levando as peculiaridades gramaticais de exegese. O teológico, no que diz respeito ao desenvolvimento da Revelação Especial de Deus, que é a sua Palavra, mostrando que uma Doutrina Bíblica jamais poderá quebrar o vínculo teológico ensinado nos 66 livros da Bíblia, seja a Teologia Bíblica como a Teologia Sistemática.


Algumas considerações são necessárias. A primeira: Não se questiona o trabalho desse amado pastor e de como tem contribuído no Reino de Deus através da sua igreja; não se questiona nenhum aspecto na sua área espiritual, mas na sua área de ensino desse tema. Segundo: O motivo maior dessa resenha é uma resposta àqueles que têm dúvidas e ainda não viram uma refutação a respeito, não levando em conta os perigos, as contradições, as negligências teológicas e conclusões simplistas.


O livro “Benção e Maldição”, que tem sido best-seller, é de uma linguagem muito simples e muito objetiva. Um livro que uma pessoa leiga se dá muito bem, mas que causa questionamentos e inquietações àqueles que se aprofundam mais nas Escrituras. É um livro que demonstra vir de suas pregações no Brasil proclamando esse tema. Tem nove capítulos bem sucintos e sempre citando versos das Escrituras; porém, longe de seus contextos e sem nenhuma explicação exegética, desconhecendo as contradições de seu tema nos próprios contextos dos capítulos desses versos citados, que serão mostrados nessa resenha.


A base de sua doutrina é como toda Doutrina duvidosa se manifesta, dá-se mais valor às experiências que às Escrituras, pois o livro busca nos pilares de experiências que ouviu e que ele passou no seu ministério. Ele mesmo diz na pág. 13: “Ouvi certa vez um testemunho que me deixou ainda mais convicto do poder das palavras.” Na pág. 45 escreve: “Recebi uma carta que de certa forma constata esse triste fato”. Assim como asseverou, a sua doutrina está firmada sobre a areia dos testemunhos volúveis das pessoas e não totalmente nas Escrituras Sagradas.


O Pr. Jorge Linhares começou até equilibrado no capítulo primeiro, pois ele diz na pág. 10: “As palavras têm o poder de encorajar ou abater as pessoas. Elas despertam alegria ou levam à angústia. Por causa de palavras não medidas, duras e desprovidas de misericórdia, lares são destruídos, filhos abandonando os pais, travam-se grandes conflitos entre colegas de trabalho, amizades são rompidas”. Ele na pág. 11 ainda diz que “preferia ficar calado a ofender alguém, pois sabia que as palavras podem tanto aproximar as pessoas, como afastá-las uma das outras”. Se o Pr. Jorge Linhares terminasse seu livro nessas palavras estaria dando uma grande mensagem ao Reino de Deus e à Igreja, porque realmente o que a Escritura fala da bênção e maldição faladas pelas pessoas é o que diz respeito às conseqüências psicológicas e de relacionamentos, não de uma forma mística, como preconizam as seitas esotéricas e a Seicho-no-iê.


A maioria dos textos citados nesse primeiro capítulo é correto, pois cita a importância de saber falar às pessoas evitando palavras torpes e ofensivas, mas precisa-se saber que todos os textos que o autor citou, se forem direcionados para palavras faladas propriamente ditas, serão mal interpretados, como por exemplo o texto citado de 1 Co 15.33 “as más conversações corrompem os maus costumes”. O Pr. Citou até um testemunho de uma mulher que caiu em adultério por que ouviu palavras de suas amigas. A palavra grega que Paulo usa em 1 Co 15.33 é o substantivo homilia que quer dizer associação, companhia. Essa palavra só aparece uma única vez no N.T. Apesar do verbo relativo homileö significar “conversar, falar em discurso”, mas o seu substantivo quer dizer associação. Na verdade, Paulo estava advertindo sobre as más companhias, não propriamente dizendo palavras faladas. Algumas traduções já corrigiram essa tradução que a R.A. fez. Seguiram a King James em Inglês que diz: “Evil associations corrupt good manners”, acompanhando a Linguagem de Hoje e a NVI. Isso não implica que as palavras têm um poder místico, pois a conversação diz respeito a uma comunicação, não propriamente por palavras. Os surdos-mudos, se nas suas companhias conversarem nos seus sinais conversas vãs, terão maus costumes. Hoje, temos os famosos chats na Internet. Não se precisa falar palavras para dialogar entre amigos. Se houver uma conversa má pelos chats, com certeza, terão maus costumes. Portanto, o Pr. Jorge Linhares falou um texto sem olhar o seu real significado como todos os textos citados em seu livro.


No Segundo capítulo o Pr. Jorge ousa dar um significado de Maldição diferente do escopo das Escrituras Sagradas, pois ele diz na pág. 16: “Maldição é a autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem para causar dano à vida do amaldiçoado”. A palavra maldição segundo as escrituras só podem caber dois significados. O restante é pura invenção desse amado escritor. A primeira diz respeito da maldição vinda da quebra da Lei, pois segundo o costume da época para se fazer uma aliança ter-se-ia que falar as bênçãos e as maldições. Como nos contratos hoje em dia, têm-se as cláusulas de direitos e multas caso quebre o contrato. Deus trouxe essa linguagem ao seu povo e deu a sua Lei chamando-a de “palavras da Aliança” diberey haberit (Ex 34.28). Antes da palavra berit tem o artigo definido ha mostrando que Deus estava falando com Moisés levando em conta as normas da Aliança, tornando-se maldito aquele que transgredir a sua lei e esperando o Cordeiro que viria na Plenitude dos Tempos para tirar a maldição. Paulo confirmou isso quando disse em Gálatas 3.10, dizendo que a quebra da Lei traria maldição esperando somente na graça de Jesus Cristo. Ele continua que Cristo nos libertou da Maldição da Lei (Gl 3.13). Quando os patriarcas falavam uma benção como Isaque a Jacó, era a bênção da aliança que Deus fizera com Abraão perpetuando. Tanto que quando Esaú pediu para Isaque abençoá-lo, ele não fez (Gn 27.33-38). Ele poderia ter abençoado assim mesmo, mas não aconteceu, pois foi Isaque que Deus escolheu (Rm 9.10-13), ou seja, o poder da palavra da Bênção de Isaque não estava em si nas suas palavras, mas na promessa de Deus como diz Paulo em Romanos 4.16-18. Paulo fala com ênfase sobre a promessa, que tinha a primazia, não as palavras em si. Se havia uma outra maldição e Paulo não falou esperando somente quando o Pr. Jorge e outros escritores da Palavra Positiva escrevessem seus livros, Deus deixou de falar a muita gente, inclusive aos apóstolos e pais da Igreja e aos discípulos dos apóstolos. É melhor ficar com o óbvio: Paulo não deixou de falar nenhuma maldição hereditária. O que acontece dessa maldição de palavras é da simples cabeça desses amados e queridos pastores, somente isso.
A segunda acepção bíblica das palavras bênção e maldição é o que elas querem dizer literalmente: dizer coisas boas ou más. Tanto as palavras hebraicas e gregas querem dizer isso. O que a Escritura nos adverte é que não devemos amaldiçoar, ou seja, falar coisas más ao nosso próximo. Isso é falado não tanto por causa da pessoa que ouve, mas por causa da pessoa que diz, porque quem fala coisas más é por que o seu coração está contaminado pelo pecado de inveja, homicídio, sujeira. Jesus advertiu sobre isso: Em Mt 5.21,22; Mc 7.20-23. É isso que Tiago quis dizer quando fala no seu capítulo que ensina sobre o cuidado da língua (Tg 3.9,10). Tiago usa no verso 9 que não podemos abençoar o Senhor e depois amaldiçoar os homens. Ele usa a mesma palavra vinda da raiz grega do verso 9. Isso quer dizer que se fosse como um feitiço, Tiago estaria falando uma bobagem, pois como poderíamos falar uma palavra positiva para acontecer para Deus? Não. Tiago estava falando que não podemos falar coisas boas a Deus e depois falar coisas más ao nosso próximo. Isso confirma pelo que ele ensina mais adiante (Tg 4.13-15). Tiago joga por terra essa doutrina nesses versos, pois ele diz que não podemos DIZER hoje e amanha iremos a tal cidade, mas devemos dizer SE DEUS QUISER. Ele usa no verso 13 o verbo legö, que quer dizer “falar, dizer”, no particípio presente, mais enfático ainda mostrando uma projeção constante. Isso demonstra que não está nas nossas palavras o destino das coisas, mas nas mãos de Deus; embora que se admita que as palavras influenciam e trazem conseqüências sérias à auto-afirmação das pessoas. Principalmente aos filhos e subordinados.


Para não se prolongar muito, precisa-se analisar pelo menos três textos apenas citados pelo Pr. Jorge Linhares e que não foram analisados exegeticamente. O primeiro texto é o Salmo 109.17. Esse salmo, geralmente, o Pr. Jorge Linhares se baseia seu engenhoso e esotérico ensino dizendo que aqueles que amam a maldição ela o apanha e aquele que não quer a benção ela se aparta, levando o seu significado para palavras faladas. Mais uma vez o Pr. Jorge Linhares negligenciou fortemente a interpretação das Escrituras. Note-se que Davi não está falando de palavras faladas como uma maldição de feitiço, pois o próprio Davi, no mesmo salmo, disse que ele estava AFLITO E NECESSITADO (v.22). O adjetivo hebraico ´aniy é muito forte, sendo traduzido até para pobre como traduz a King James em inglês e a Linguagem de Hoje. Pois se fosse assim, Davi estaria se amaldiçoando? Quando Davi fala de maldição e benção era no contexto de aliança quebrada, pois aqueles que quebravam as alianças teriam punição severa. Davi estava dizendo que aqueles que não queriam o Senhor, houvesse o julgamento de Deus sobre eles. É isso que fala em todo o salmo, imprecações a seus inimigos.


O segundo texto mais controverso está em Provérbios 18.21. Esse verso é o mais usado pelos proclamadores dessa doutrina esotérica. Eles negligenciam fortemente a hermenêutica bíblica, pois segundo a poesia hebraica a segunda parte do verso não rimava nas palavras, mas no sentido contrário ou de uma forma sinonímia. Nesse caso o autor usou a segunda parte do verso para explicar a primeira. A morte e a vida estão no poder da língua. Na segunda parte o autor explica melhor: o que bem a utiliza come do seu fruto. Isso quer dizer que essa morte e vida aqui dizem respeito a conseqüências sérias através das palavras e essas conseqüências o autor já tinha falado no capítulo: ira, traumas, mágoas, contendas, mas não uma ação mística através das palavras. Outro fator importante nessa interpretação é que se a morte é literal como diz esse autor, por que a vida não seria? Uma pessoa que tem uma inteligência mínima sabe que as palavras não dão vida a nada. Se não houver uma fecundação, uma semente não adianta o timbre da voz e as palavras que forem. Então essa interpretação de dizer que é literal não é inteligente.


O terceiro texto é uma explicação apenas do que Jesus disse em Mateus 15.11, como sempre, mal interpretado pelo Pr. Jorge Linhares, pois segundo o contexto, Jesus está falando de contaminação espiritual por causa da falta de lavar as mãos como ensinavam os fariseus. Jesus afirma que o que entra não contamina, que fica subentendido que esse entrar é pela boca, claro, pois Jesus está falando de contaminação espiritual, que para os fariseus acontecia quando comiam sem lavar as mãos. Jesus ensina que a contaminação espiritual vem do que sai da boca. A ênfase não é a palavra boca, mas o verbo ekporeuomai no particípio com artigo definido mostrando que Jesus falava de algo interior que se manifestava no nosso corpo, não propriamente da boca. Marcos explica melhor em seu Evangelho mostrando que a intenção de Jesus mesmo era ensinar que de dentro do coração do homem que sai os pecados (Mc 7.20,21). Portanto, Jesus não está falando de palavras nem enfatizando a boca do homem, mas o que Jesus ensinou é que o pecado vem do coração do homem, do seu interior, não da sua boca. Ela é somente um órgão que se manifestará, pois Jesus falou que a boca fala do que o coração está cheio (Lc 6.45).


No capítulo oito, o Pr. Refuta a si mesmo sem notar, pois toda falta de verdade há contradições irreconciliáveis, que, às vezes, manifestam-se naturalmente. Nesse capítulo o autor trata do tema “Maldições que não se cumprem”. Ele começa citando, como sempre, um testemunho que ele recebera várias pragas de uma pessoa e não aconteceu. Ele cita o texto: A Maldição sem causa não se cumpre (Pv 26.2). Ele coloca inadvertidamente o exemplo de Balaão que quis amaldiçoar o povo no deserto e Deus falou a ele que não amaldiçoasse porque o povo era abençoado (Nm 22.6). Ora, se esse povo que foi considerado incrédulo pelo próprio Deus, causando juízo e ficando prostrados no deserto, foi considerado abençoado, quanto mais aqueles que estão debaixo do sangue de Jesus. Realmente a única causa da maldição é a alienação de Deus e de sua palavra, mas aqueles que têm a Cristo FORAM ABENÇOADOS COM TODA A SORTE DE BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS NAS REGIÕES CELESTIAIS EM CRISTO JESUS (Ef 1.3). Portanto, mesmo que alguém tenha falado palavras fortes e terríveis não significa que irão acontecer. O próprio Davi foi amaldiçoado pelos seus inimigos como por Golias e não se viu uma repreensão de Davi pelas palavras de Golias e nem houve alguma conseqüência por isso, mas vitória, pois a sua vida estava nas mãos de Deus.


Nesse penúltimo parágrafo é necessário falar das conseqüências dessa doutrina esotérica da palavra da maldição positiva. Uma das conseqüências é elevar o homem à condição de um deus. O Pr. Jorge Linhares na pág. 51 afirma: “Foi pela palavra que Deus criou a terra, o firmamento, os animais, as aves, as plantas, o homem. Disse Deus: haja. E houve. Nós também temos o poder de trazer à existência muita coisa boa, através de nossas palavras”. Essa declaração é perigosa, porque coloca o homem no lugar de um deus. O homem não pode absolutamente nada fora de Cristo. Jesus disse: sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5). A palavra do homem é destruição e miséria, como disse Paulo aos romanos (Rm 3.14-16), pois Paulo está falando ao homem na condição de natureza caída. Se Deus deixasse para que se cumprisse o que falamos, estaríamos perdidos e terrivelmente frustrados, pois a Bíblia diz que enganoso é o coração do homem e terrivelmente corrupto (Jr 17.9,10). Se a boca fala o que o coração está cheio, então, Deus é sábio em deixar o homem na condição de homem apenas. A outra conseqüência é que essa doutrina gera falta de humildade, pois as pessoas terão medo de confessar seus medos, suas fraquezas, seus perigos, pois se alguém falar isso, segundo o Pr. Jorge Linhares, pode acontecer. Com isso, as pessoas entram em uma falta de humildade dizendo que vai tudo bem, não mostrando realmente como a sua alma está. A Bíblia alerta que precisamos falar o que somos, até mesmo para sermos curados (Tg 5.16). O próprio Paulo disse que era fraco e o principal dos pecadores e não houve nenhuma ameaça que Paulo se tornou mais pecador por causa disso (2 Co 12.9,10; 1 Tm 1.15,16). A última conseqüência que se comenta e mais grave é por que essa doutrina coloca por baixo o pecado original, da expiação e do próprio Deus, já que tira a soberania de Deus e a coloca nos lábios das pessoas e nega o que Cristo operou na cruz.

sábado, 19 de agosto de 2006

A TRAIÇÃO DO EVANGELHO DE JUDAS




A notícia sobre o achado de um papiro em grego no Egito, chamado “O Evangelho Segundo Judas”, causou algumas dúvidas a incautos e a algumas pessoas desinformadas, nessa área, sobre a veracidade dos Evangelhos e sobre a identidade de Judas. O manuscrito afirma que Judas não foi o traidor e conta uma versão diferente dos Evangelhos, mostrando que Judas apenas cumpriu ordens do seu Mestre, Jesus. Segundo o texto, Judas não morreu logo depois da traição, mas fugiu para o deserto após a ressurreição de Cristo. O objetivo desse texto é analisar de uma forma racional, crítica e sensata esses argumentos, pois algumas considerações precisam ser feitas porque há equívocos, contradições e ignorância de termos.

Primeiramente precisa-se diferenciar veracidade de um documento antigo como autêntico da época e veracidade do conteúdo desse documento. Há uma grande diferença. Uma diz respeito se o documento é uma fraude arqueológica; a outra, se o seu conteúdo era aceito como verídico. Conforme alguns, Irineu de Lyon, que viveu no segundo século da era cristã, falou sobre esse documento e, por isso, colocam-no como uma prova que o documento existiu mesmo, embora que admitam que Irineu criticou-o como herético.

Irineu foi um dos que defendeu peremptoriamente a autenticidade dos Evangelhos, negando os demais escritos duvidosos. Ele chegou a dizer: 


Mateus publicou entre os hebreus um Evangelho escrito na própria língua deles, enquanto Pedro e Paulo anunciavam Cristo em Roma e lançavam os alicerces da Igreja. Depois da morte destes, Marcos, discípulo e intérprete de Pedro, nos entregou escrito o essencial da pregação de Pedro. Lucas, discípulo de Paulo, registrou em um livro o Evangelho pregado por seu mestre. João, o discípulo do Senhor, que se reclinou em seu seio, produziu, por último, seu próprio Evangelho, quando habitava em Éfeso, na Ásia. (Adversus haereses, III.1.l, em Eusébio, H.E. V.8 – citado H. Bettenson, 2001) 


Segundo Irineu, os Evangelhos são autênticos e ele jamais concordaria com um escrito totalmente contraditório a esses. Ele mesmo os cita sem jamais colocar o Evangelho de Judas. Atanásio, em uma carta datada em 367, numa tradução cóptica, apresenta a primeira lista dos 27 livros do Novo Testamento, autenticando os Evangelhos e ratificando o cânon de Irineu com respeito aos Evangelhos. No que diz respeito à autenticidade do documento como existente nesta época constatado pelo Carbono 14 e outros meios, não se tem dúvida. Na verdade, havia muitos outros livros chamados Evangelhos no segundo século dessa era que não eram aceitos como autênticos e, por isso, não estavam dentro do Cânon (padrão) reconhecido pela comunidade dos cristãos. 

Portanto, no segundo século da era cristã, muitas heresias gnósticas passaram a penetrar no seio da Comunidade Cristã. Esses líderes passaram a escrever conforme seus ensinamentos e atrair adeptos às suas crenças. Por causa disso, a Comunidade Cristã tinha alguns critérios para aceitar um livro como historicamente verdadeiro e digno de aceitação como prática. O primeiro critério era que teriam que ser de autoria de uma testemunha ocular, um apóstolo de Cristo ou aceito pela Comunidade como alguém que estivesse juntamente com os apóstolos de Cristo. O que se vê é que os quatro Evangelhos vem de 2 discípulos de Jesus, Mateus e João e de duas pessoas consideradas por Lucas de ὑπερετης hyperetes, que quer dizer ministro em grego (Lucas 1.1,2). Segundo o historiador e Médico Lucas, essas testemunhas oculares eram aqueles que acompanhavam os apóstolos, chamados de ministros hyperetes. Marcos foi chamado assim por Lucas (Atos 13.5 o primeiro nome de Marcos era João), sendo que ele serviu de fonte para os demais Evangelhos. Não obstante a Comunidade Cristã ter colocado esse critério para se aceitar como legítimo um documento e digno de paradigma de fé, muitos começaram a escrever documentos e colocar nome de um dos apóstolos para serem aceitos. Esses textos são chamados de pseudoepígrafos. Por isso, vários livros foram chamados pelos nomes dos apóstolos no segundo século. Como exemplo, temos: Evangelho de Pedro, Protoevangelho de Tiago, Evangelho de Tomé, Evangelho de Filipe, Evangelho de Bartolomeu, Evangelho de Nicodemos, Evangelho de Gamaliel, Evangelho da Verdade. Apocalipses de Pedro, de Paulo, de Tomé e de Estêvão. Não seria admiração que poderia estar circulando aqui o Evangelho de Judas também por estar entre essa data. 

Portanto, o que se tem que analisar é se o conteúdo foi relevante para a Comunidade Cristã da época, pois se esse livro não foi aceito como legítimo pela comunidade daqueles dias como os demais pseudoepígrafos e apócrifos, por que seria hoje? O primeiro e mais antigo Evangelho que foi escrito, sendo aceito pela maioria dos estudiosos, foi o Evangelho de Marcos. Apesar dos estudiosos discordarem nas datas, os anos 57 a 59 são mais confiáveis, pois Marcos pediu auxílio a Pedro, conforme Irineu, bispo de Lyon, que afirma que Marcos foi discípulo e intérprete de Pedro. Os apóstolos Pedro e Paulo morreram sob o imperador Nero no ano 64 e pelo texto de Atos, demonstra-se que Paulo ainda não tinha morrido. Se Lucas teve Marcos como fonte, então seria antes do ano 64 da nossa era. As passagens relativas que se repetem em Mateus e em Lucas no Evangelho de Marcos demonstram que esses Evangelhos usaram-no como fonte também. No caso de João, mesmo não tendo passagens semelhantes aos outros três, ele dá evidência e demonstração de sua consciência da existência dos demais Evangelhos ao escrever a sua obra. Portanto, o Evangelho de Marcos já demonstrava a traição de Judas, confirmado pelos demais Evangelistas, que escreveram em datas, cidades e contextos diferentes. Lucas, que escreveu Atos, confirma isso relatando a substituição de Judas por outro discípulo chamado Matias (Atos 1.15-26). Um dos papiros mais antigos é do Evangelho de João que está na biblioteca John Rylands de Manchester, Inglaterra desde 1920. Esse manuscrito chamado de P52 é datado do ano 125 demonstrando que desde cedo os Evangelhos eram reconhecidos como autênticos, pois, apesar de ser escrito na Ásia Menor na cidade de Éfeso, foi achado no Egito. Ora, se o Evangelho de João, que mais mostrou a identidade de Judas, a sua traição e a declaração de Jesus sobre este, estava em plena aceitação na Comunidade Cristã, tendo até cópias, por que se daria crédito a esse documento contraditório desmentindo até testemunhas oculares como os apóstolos? 

Apesar de Judas também ser uma testemunha ocular, havia os pseudoepígrafos da época. Por isso, deve-se analisar pelo crédito das demais testemunhas oculares e pela coerência histórica dos demais documentos achados, até mesmo antes da época desse documento. Por que se daria mais crédito a um documento suspeito com o nome de Judas do segundo século não tendo provas que existisse no primeiro. E mesmo se existisse, é difícil dar mais crédito a esse documento em detrimento aos aceitos oficialmente pela Igreja, cujos apóstolos ainda estavam vivos. Como descrer em cinco documentos escritos no primeiro século, confirmados por outros autores, inclusive por gnósticos e hereges da época? O bom senso e a inteligência escolhem os Evangelhos e Atos. Se acontecesse isso, colocaria toda a história dos Evangelhos em dúvida, inclusive a existência de Judas, pois somente os Evangelhos falam desse personagem.

Há vários fatores nesse documento que se concorda com a Comunidade Cristã da época para não tê-lo aceito como legítimo. A primeira é a contradição dos relatos, tendo como base os próprios Evangelhos, pois como se basear em um documento que se tenta provar que é contraditório mostrando outra versão deste? Seria algo absurdo. Se Judas somente pode ser conhecido pelos Evangelhos, então os Evangelhos não podem ser desacreditados, sob pena de entrar em contradição. Outro fator importante é o conteúdo do documento com teor gnóstico, pois o documento diz que Jesus falou a Judas: "Você tem a tarefa maior: vai sacrificar o corpo que carrega o meu espírito". Esse pensamento é contrário ao que o próprio Jesus e os apóstolos ensinaram. Todos eles escreveram várias epístolas alertando à Comunidade Cristã da época sobre essa ideologia e doutrina gnóstica que afirmava que a carne era má e que o espírito precisava se libertar desta carne através de um autoconhecimento interior e esotérico. Por isso, os gnósticos modernos defendem essa versão, mostrando que é conforme o que eles crêem. Portanto, conclui-se que esse documento pode ser legítimo no sentido de ser mesmo um achado arqueológico, mas não tem chance nenhuma de que seu conteúdo seja fidedigno pela confiabilidade dos Evangelhos canônicos (padrões), pela coerência histórica e testemunho de outros autores da época. Conclui-se que não somente Judas é o traidor histórico de Cristo, mas o seu Evangelho também.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

DISCÍPULOS DE CRISTO OU DE HOMENS?

Nesses últimos anos, algumas igrejas têm dado muita ênfase ao discipulado, principalmente as Igrejas que adotaram a visão G-12 como estratégia ou como Convenção. Essas igrejas ensinam a ter discípulos, de preferência 12, à semelhança de Jesus. Desses 12, deve haver uma multiplicação de discípulos formando o que eles chamam de “gerações”. Esses discípulos passam a dever obediência e honra a ponto de quase todas as decisões deles sejam opinadas ou interferidas pelo discipulador. Daí vêm coisas absurdas como a prova de obediência de seus discípulos obrigando-os a fazer atos que são constrangedores e ensinando-os a darem o que eles chamam de “primícias” (embora que tudo seja voluntário). Essas “primícias” são uma oferta ao discipulador ou o que eles chamam de “Cobertura Espiritual”. Cada líder maior se considera um apóstolo e os menores são chamados de “meu discípulo”, “um dos meus doze” ou simplesmente “pastor”, pois “apóstolo” é somente para os maiores em hierarquia. Como não tem um título superior, há alguns que até inventam como o Pr. René Terra Nova que se auto-intitula de “Paipóstolo”. Esses discípulos agem quase como fanáticos. São ensinados a fazerem alianças entre eles e a terem uma obediência quase incondicional, sendo o discipulador tratado quase como um deus. Há casos que os discípulos lavam os pés do discipulador, não percebendo que, pelo texto bíblico, é o líder que tem que lavar, pois Jesus foi que teve a iniciativa. Esse discipulado, encabeçado pela visão do G-12, parece espiritual e correto, mas completamente fora de coerência bíblica e exegética.

O objetivo desse ensaio é analisar o que o Novo Testamento ensina sobre o discipulado, mostrando alguns perigos e distorções doutrinárias, mesmo correndo o risco de ser discriminado, excluído, desprezado, apagado de listas, perder a amizade e até de ser evitado, pois é assim que são tratados aqueles que falam alguma coisa contra o G-12. Como o objetivo é agradar a Deus em primeiro lugar e a defesa de sua Palavra, não se deve temer a nada, apenas sente-se dó daqueles que se inclinam, em nome da unidade, ao erro. Unidade não implica a falta de diálogo e de defesa contra o erro, pois a Escritura está cheia de advertências à pureza doutrinária (Rm 16.17; Gl 1.7-10; 1 Tm 1.3; 4.16; 6.3-5; 2 Tm 2.17,18; 4.1-3) bem como o próprio Paulo repreendeu a Pedro que era considerado coluna da Igreja sem perder a unidade (Gl 2.9-14). Calar-se diante de distorções doutrinárias é pecado e não unidade. É tornar-se morno diante de perigos à vida da Igreja.

A INTERPRETAÇÃO DE MATEUS 28.19,20

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.

Esse texto é usado como base do discipulado e dessa tendência de discípulos dos 12. O grande problema é a má interpretação do verbo grego matheteuo / fazer discípulo e do seu contexto escriturístico. Esse verbo é usado apenas quatro vezes no NT (Mt 13.52; 27.57; 28.19; At 14.21). No verso de Mt 28.19, o verbo grego matheteusate / fazei discipulos está no imperativo aoristo na voz ativa. Isto quer dizer que Cristo ordenava que eles fizessem discípulos para ELE, Cristo, não uns para os outros. Se fosse assim, o verbo teria que estar na voz média em grego, ou seja, o verbo praticaria uma ação em torno de si mesmo. O que Jesus ordena é que eles levem outros a serem como eles, discípulos de Cristo. Isso é confirmado de várias formas: Primeiro, pelos particípios gregos baptizontes / batizando e didaskontes / ensinando direcionados ao próprio Cristo e diretamente relacionado ao verbo fazei discípulos. O batizar seria em nome da Trindade e deveria levar a pessoa ao compromisso com Deus e conseqüentemente com Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade. O ensinar implica nas coisas que Cristo havia ordenado. Isto quer dizer que a pessoa deve ser ensinanda a ser obediente a Cristo e não ao seu instrutor. Segundo, pelos ditos do próprio Cristo sobre seu discipulado. Jesus fala sobre ser SEUS discípulos e não de outrem (Mt 10.42; Lc 14.26, 27, 33). Ele disse: nisso conhecerão que sois MEUS DISCÍPULOS: se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13.35 grifo meu). Fica claro que Jesus queria que fossem reconhecidos por serem seus discípulos (Jo 15.8). O próprio João Batista levou os seus a seguirem a Cristo, pois ele, como sendo o último profeta do VT, agora os entregaria ao Cordeiro de Deus Que Tira o Pecado do Mundo (Jo 1.37-40).

O testemunho de Lucas em Atos dos Apóstolos demonstra que a Igreja entendeu o mandamento de Cristo, pois a Igreja era conhecida como “hai mathetai / os discípulos” (At 9.1; 9.38; 11.26; 13.52; 14.28; 18.23,27; 19.1,9,30; 20.1,30; 21.4). Todas essas passagens o substantivo acompanha um artigo definido ou o pronome tis, mostrando que seria um discipulado específico. Dois textos são explícitos: em At 9.1 que afirma “os discípulos do Senhor” e o outro em At 11.26 que os discípulos foram chamados de Cristãos. Fica óbvio que seriam discípulos de Cristo. Há apenas um só texto que há uma crítica textual e coloca os discípulos como sendo de Paulo (At 9.25). Segundo o texto Crítico produzido por Westcort e Hort há um pronome possessivo autou que a tradução atualizada traduz “os seus discípulos” relacionando-os a Paulo; porém, mais de 3000 manuscritos gregos não têm esse pronome, que é o texto Majoritário, acompanhando as versões RC, King James, TF. O texto Crítico, geralmente traz variantes absurdas e contraditórias, bem como retira passagens essenciais dos Evangelhos por simples questões de pressupostos baseando-se em poucos e fracos manuscritos. Seria muito estranho que em nenhuma passagem de Atos ou nas Epístolas o substantivo mathetes não acompanhe pronome no genitivo e somente nessa passagem, onde alguns poucos manuscritos registram, acompanhe; sendo que, no verso seguinte do mesmo texto, o mesmo substantivo vem novamente sem o pronome (At 9.26). Portanto, o texto Majoritário é mais coerente nessa passagem ficando como na tradução da Revista Corrigida (RC). Pode-se concluir, então, que fora desse texto, não há uma única base que os apóstolos chamaram outros de discípulos ou que reivindicaram um discipulado exclusivo somente para algumas pessoas.

Ser discípulo era algo bem forte, implicava reter os princípios do discipulador e ele tinha uma certa autoridade espiritual sobre esse discípulo. Se os apóstolos não tiveram discípulos nem ensinaram a tê-los, então é muito perigoso se aventurar com um discipulado sem base formando “seus 12 discípulos”. A Bíblia ensina fazer discípulos de Cristo e não de outras pessoas ou de si mesmo. Quando se ensinam outros, deve-se levar a pessoa a ser obediente aos ensinamentos do Cristo Vivo e não a uma submissão própria fazendo-a temer até uma crítica ou provando se de fato é um “discípulo” obediente.

Paulo, algumas vezes, escreveu aos seus leitores que fossem seus imitadores (1 Co 4.16; 11.1; Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2.14), mas essas advertências nunca eram para um grupo somente, nem Paulo os estava levando a serem um dos 12, 13, 150 discípulos dele, mas para toda a Igreja. Esses versos ensinam que precisamos ser referenciais também de Cristo, pois Paulo afirma em (1 Co 11.1) “assim como sou de Cristo”. Não somente os Mestres, mas todos, pois as epístolas foram dadas à Igreja no geral e pelo contexto não exclui ninguém para ser um paradigma, já que Jesus afirmou que o “conhecerão que são meus discípulos” a todos aqueles que o servem em espírito e em verdade.

Apesar de que a palavra discipulos em latim queira dizer estudante, aprendiz; mas a palavra mathetes em grego era mais que um simples estudante. Essa palavra em grego evocava uma obediência em um compromisso. Por isso que em Mateus 13.52 o verbo matheteuo é usado na voz passiva para indicar compromisso com o Reino de Deus e traduzido na Linguagem de Hoje como “se torna discípulo do Reino de Deus”. Evocar discípulos para si é tentar ter uma autoridade espiritual ilícita usurpando o lugar que somente Cristo pode assumir. Jesus advertiu sobre isso dizendo que a ninguém chamasse de Mestre, porque UM SÒ é o vosso Mestre – Jesus e todos vós sois irmãos (Mt 23.8,9). Jesus usou o substantivo kathegetes / mestre como guia, uma palavra em grego similar à palavra hebraica Rabbi que dizer meu Mestre. O Rabi, na época, trazia uma certa autoridade espiritual àqueles que eram subordinados. Ele não usou didaskalos, como Paulo várias vezes falou que deveria ter na Igreja (Ef 4.11). Jesus estava ensinando que ninguém pode ter uma autoridade inquestionável ou uma autoridade que leve alguém a ser guiado como guru, guia espiritual ou “cobertura espiritual”. Isso traz um certo perigo, já que isso é uma das características das seitas, um discipulado fanático de obediência e reverência tal que são levados a suicídios ou outras coisas perigosas. Claro que isso não diz respeito a esse discipulado dos 12, mas é similar podendo a ter prejuízos sérios à fé.

Como conclusão, trar-se-ão sugestões, para que não fique somente na crítica teológica. Aconselha-se àqueles que estão em células ou grupos pequenos que ajam como líderes, respeitando a individualidade de cada um sem cobrar obediência, se não a Cristo pelas Escrituras; todos os membros de igreja devem ter cuidado de todo discipulado que exija de você algo incoerente ou que troque valores exigindo submissão incondicional, embora que não falem assim. Aconselha-se a Convenções que alertem seus pastores do perigo desse discipulado, se forem corajosas, pois foram as grandes igrejas que adotaram esse esquema e fica difícil uma convenção falar algo. Teria que ter coragem para que princípios estejam acima de “Ibope eclesiástico”. Àqueles que chegarem ao alcance desse texto e estejam procurando uma igreja, saiam de todo discipulado que tente ficar no lugar de Cristo. Aceite um discipulado que o seu mestre ensine a ser discípulo de Cristo, porque importa que Cristo cresça e os outros diminuam (Jo 3.30).